segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Na praia com Jesus

"...Simão... tu me amas?..." (João 21.3-17).

Na véspera da crucificação, Pedro acreditava amar a Jesus mais do que os demais. Declarou cheio de confiança estar pronto a segui-Lo até a morte (Lc. 22.33). Todavia, quando o momento tenebroso chegou todos fugiram; poucas horas depois de sua declaração, Pedro se descobriu negando três vezes o Mestre, diante de um fogareiro.

Após a ressurreição, ele e alguns companheiros voltam ao mar da Galileia. Amanhece mas nada pescam, até que na praia surge Cristo e dá-se a pesca miraculosa. Pedro então atira-se à água e provavelmente bate o recorde mundial de nado livre. Quando chega à areia, calado, vê diante de si o Senhor que negara e um fogareiro aceso, onde o Mestre já preparou alimento.

"Pedro, tu me amas mais do que esses?" é a pergunta que lateja. "Amar" aqui no grego é agape, o amor da classe mais excelente e divina, aquele que Pedro anteriormente achava ter. No entanto, agora tudo que o discípulo tem a responder é: "Senhor, tu sabes todas as coisas, tu sabes que eu te fileo", isto é, afeto e amizade, amor imperfeito. Jesus repete-lhe a pergunta mas a resposta é a mesma. Então o Senhor questiona se é mesmo fileo o que Pedro sente, e este se entristece pois pela terceira vez (tantas quantas o negara) precisa confessar que no agape que antes achava ter na realidade só havia mesmo fileo.
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Temores e horas escuras também peneiram o agape que costumamos declarar, e nessas horas geralmente somos surpreendidos ao perceber que ali existe apenas afeto ou simpatia - nada além. Contudo, diante do Mestre podemos e devemos ser sinceros e confessar-Lhe nossa fraqueza e imperfeição. Ele tem estrutura para lidar com nossa sinceridade; deseja nossa confissão pois só quando admitimos nossa realidade é que nos dá do que é Seu.

Ninguém recebe de Deus o que não admite precisar. Somente quando confesso meu fileo é que conheço a Fonte inesgotável de onde jorra todo o agape de que careço. É quando sou fraco que sou forte, pois então só uma força resta: a do Deus forte em mim (2 Co. 12.10, Is. 9.6).

Ah, Senhor! Pesquei a noite inteira
Mas nada pesquei senão a própria noite...
Todavia, se me perguntam de que sinto vontade
Respondo com fome e sem hesitar:
Tenho vontade de ver o Mestre na prainha
Vontade de comer o que preparou para mim
Vontade de ouvi-Lo falar como antes
E de segui-Lo e servi-Lo com uma fidelidade
Que não encontro em mim!

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