terça-feira, 25 de março de 2014

Por que sofrem os cristãos


Se Deus é Deus, por que sofremos? Não temos todas as respostas, mas é através das aflições que experimentamos o sabor da superação, a textura da resistência, e o poder de nos levantarmos e caminharmos sobre todas as poeiras de nossas ruínas. O Senhor poderia vencer sozinho, mas, se assim fosse, nós não o glorificaríamos como Ele é digno, pois não teríamos a menor noção do sofrimento que há em Sua glória. Deus não é dono de um supermercado, é antes um agricultor. E a fruta tem outro gosto quando regada com nossas lágrimas, ela é mais doce, ela produz cura. A eternidade vai ter mais sabor se sofremos como Ele, se choramos para Ele – vai ter o doce suco eterno de mil alegrias!

Algumas vezes sofremos porque perdemos coisas e pessoas queridas, tiradas de nós cruelmente pela vida; o sofrimento, porém, antecipa certas percepções que de outro modo só teríamos mais tarde, na eternidade. E a percepção de que o nosso Pai celeste é mais do que tudo o que perdidamente amamos, é o maior de todos os achados. O sofrimento nos ensina isso: que a presença do Deus que ama é mais forte do que a ausência de cada coisa, ou de alguém em especial. Sofremos sim, e quando sofremos nós O amamos melhor, porque o sofrimento é a fresta pela qual vislumbramos a grandiosidade do Seu amor sofredor.

Outras vezes o sofrimento é produzido pelas injustiças do mundo. Somos roubados, somos incompreendidos, somos agredidos, somos usados e descartados, inocentes porém culpados, ricos do que vale a pena, mas vezes sem conta ultrajados e jogados na sarjeta da sociedade pelos pecados deste mundo orgulhoso. Contudo, não devemos pensar que tudo é inútil, pois o segredo deixa de ser segredo, e descobrimos que o sofrimento é a velha carruagem que traz até nós a majestosa e humilde presença do Consolador. É através das lentes da dor que santos de todos os tempos, inclusive nós (tão cheios de falhas), tivemos e temos nossa miopia corrigida; e enxergamos de repente a face sorridente de Emanuel, o Deus conosco.

Sofremos porque somos imperfeitos, e quando admitimos nossa imperfeição em meio ao sofrimento, enxergamos melhor quem é O Perfeito que por nós escolheu sofrer. Se não sofrêssemos, isto é, se a dor não cavasse tão duro dentro de nosso peito, a Sua graça não seria tão profunda em nós. Por isso, estão ordenadas aflições a nosso respeito. Ele nos ama de tal modo, excelente e misterioso, que quer que andemos em Seu trilho; e isso não deveria nos causar estranheza. Se estamos indo para a mesma alegria Dele, é somente por amor que Ele nos pôs nas mesmas pegadas sangrentas de Seu Filho.

“Mas alegrem-se à medida que participam dos sofrimentos de Cristo, para que também, quando a sua glória for revelada, vocês exultem com grande alegria.” 1 Pe. 4.13