sábado, 21 de janeiro de 2012

A bisavó da Esperança

"Justificados, pois, pela fé, temos paz com Deus por meio de nosso Senhor Jesus Cristo. Mediante ele, obtivemos acesso pela fé a esta graça, na qual estamos firmes, e nos gloriamos na esperança da glória de Deus. E não somente isto, mas também nos gloriamos nas tribulações; sabendo que a tribulação produz a perseverança, e a perseverança a maturidade, e a maturidade a esperança; e a esperança não desaponta, porque o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado" (Rm 5.1-5)

O Espírito nos foi dado e quando entrou em nossos corações, derramou ali o abundante amor de Deus. Esse amor é a garantia de que a esperança de sermos participantes da glória de Deus não nos trará confusão ou desapontamento. Mas... de onde vem essa esperança cristã? A Bíblia ensina que tudo começa lá atrás, com a tribulação. A tribulação tem um propósito: gerar perseverança, que por sua vez produz maturidade (ou experiência). E a maturidade traz consigo esperança - sim, a esperança de que Deus vai glorificar Seu nome em nossas vidas, com um toque muito original e peculiar. Ao receber tribulação, o cristão sabe pela fé que, na verdade, está recebendo um pacote de qualidades como garra, maturidade e esperança. Não parece e é difícil acreditar, mas há glória nas tribulações. O embrulho não é nada agradável, mas o presente em si é muito bom, e para a vida toda.

Usando uma linguagem familiar, podemos dizer que a bisavó da Esperança é a Tribulação. A avó da Maturidade é a Tribulação. A mãe da Perseverança é a Tribulação. Logo, não parece existir "maldição hereditária" na linhagem da Dona Tribulação. Contudo, essas afirmações só são válidas se o Espírito Santo tiver derramado o amor de Deus em nossos corações; pois, do contrário, a Tribulação será estéril e sempre esterilizadora de virtudes. Em Cristo essa é uma linda "família", desde que não desprezemos a progenitora. Se com esforço deixarmos de olhar para o transtorno e a dor que a tribulação nos causa no presente, e tentarmos encará-la como a fonte de tantas coisas boas, passaremos a visualizar os fatos com os mesmos olhos dos heróis da fé do passado, e seremos assim capacitados a ver motivos de gratidão a Deus em tudo e por tudo!

Lembro-me de Sansão que, cheio do Espírito Santo, enfrentou aquele leão feroz que saiu rugindo ao seu encontro - e despedaçou a fera sem nada ter nas mãos. Dias depois ele voltou lá e, entre as garras e dentes do inimigo derrotado, achou e tirou para si um favo de mel delicioso, repartindo-o depois com sua família (Jz 14). Isso me faz lembrar da obra de Jesus na cruz, pois Ele também, sem armas ou uma defesa digna de Sua inocência, enfrentou a angústia, a dor, a injustiça e a morte – mas, mesmo de mãos vazias, despedaçou nosso medo e condenação! E dias depois - mais precisamente ao terceiro dia - Ele foi ressuscitado, e então, do seio daquela circunstância antes terrível, extraiu o mais puro mel para Si! Em seguida, o Senhor veio e repartiu-o conosco, por Ele feitos membros da família de Deus! E esse mel que o Cristo nos dá, peregrinos, tem o doce e revigorante sabor da esperança.

Senhor, obrigado pela esperança! Obrigado pela experiência, e pela maturidade que desejas nos conceder! Mas ajusta nossos olhos para enxergarmos Teu coração, que nos dá tribulação como um presente de amor. Acrescenta a nossa fé! E que, à semelhança do Teu Filho, nós sejamos por Teu Espírito também capacitados a lutar e a tirar mel de entre as garras deste mundo terrível que, por nós, Tu já derrotaste! Amém!

"Tenho vos dito essas coisas para que em mim tenhais paz. No mundo tereis tribulações; mas tende bom ânimo, eu venci o mundo" (Jo 16.33)

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Oração ao ler de Elias

Senhor, esta noite baixo-me ao chão para erguer a voz em pranto diante de Tua face. De todos os desesperos gerados em mim por Tua luz reveladora, o maior de todos é o de me descobrir longe do Teu querer para minha vida. Ah, como já tenho sofrido por não esperar por Ti, como em vão me debati embaraçado em teias que teci – mesmo com as melhores intenções em mente! Tu, por misericórdia, muitas vezes me livraste, mas duramente aprendi a não confiar mais em mim mesmo! Bem algum há em minha carne, e meus olhos são meus maiores enganadores (Rm 7.18).

Como preciso discernir o que tens para mim! Por Teu amor, suplico que me livres de levar cargas que não puseste em meus ombros, ou de abandonar o que me deste a levar. Não me deixes leve demais, Senhor, de modo que qualquer vento me desvie do Caminho, nem tão pesado a ponto de não poder prosseguir a caminhada. Nada menos nem nada mais – somente Tua porção para mim, e na medida que determinares, e no tempo que ordenares, e do modo que quiseres, e com quem Tu desejares! Que eu saiba falar ou calar, fazer ou esperar, e seja sempre capaz de ler corretamente aqueles momentos em que as letras de nosso alfabeto não existem. Intimidade Contigo, é o que peço!

Afina-me no teu tom, tange-me na Tua hora! Faz-me reconhecer o tempo de aparecer com Tua ousadia (1 Rs 17.1), e o tempo de me esconder quando mandares (17.3), e seja eu capaz de confiar em teus improváveis meios de sustento (17.4), e sábio para dar-te glória – na casa da viúva (17.13-24) ou no cume da montanha (18.30-46)! Ajuda-me a discernir Tua voz suave a conversar com meu coração amedrontado, no fundo da caverna do velho deserto, para em seguida vir para fora em obediência ao Teu chamado (19.11-13). Que eu ouça de Ti o que vês em mim, o que desejas comigo – e vá em seguida para onde me mandares (19.15-18). E, assim, com fraqueza mas franco arrependimento, mesmo sendo homem fraco como outro qualquer, eu possa alcançar a plenitude e a felicidade de viver aqui na terra a vida do céu (Tg 5.17,18)!

Até o dia em que, finalmente, com Teu redemoinho de fogo glorioso, Tu me eleves e leve leves para bem junto de Ti mesmo, ó Cristo do Deus vivo - total esperança da glória (2 Rs 2.11, Cl 1.27)!