quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Quando descer é preciso


Pedro, Tiago e João tiveram o privilégio de serem convidados por Jesus para subir o monte, onde foi-lhes mostrada a essência do reino de Deus (Mt. 16.28), a saber: o Filho transfigurado em glória, Seu rosto resplandecendo em fulgor; Cristo no centro e a Lei e os Profetas (representados por Moisés e Elias) voltados para Ele e Sua luz, enquanto o Pai testemunha que Ele é o Amado em quem tem prazer, o que deve ser ouvido acima e antes de qualquer coisa ou pessoa.

Pedro então tem a ideia engenhosa e voluntariosa de construírem três abrigos no topo do monte, um para cada um. Acho interessante a iniciativa de Pedro, aquele lugar e momento são tão maravilhosos que ele quer ficar para sempre ali. Não se importa com os nove discípulos que foram deixados lá embaixo. Não se importa com a multidão no sopé, faminta de Deus. Não se importa em descer das regiões altas e voltar ao contato com pessoas "comuns" para, no tempo devido, compartilhar da glória que viu e ouviu.

Assim como Pedro, nossa espiritualidade também pode conter egoísmo. Sem dúvida temos boas intenções, mas ainda assim há egoísmo nelas. O mesmo monte que devemos subir devemos descer. Quando Jesus e os três o fazem, um homem desesperado vem ao seu encontro pedindo socorro pelo filho, doente e maltratado pelo maligno. Se o conselho de Pedro tivesse sido ouvido, pelo menos uma família continuaria escrava das trevas nas regiões inferiores. De igual modo, se continuarmos restringindo a revelação recebida da glória de Cristo a certos ambientes e momentos, limitando-a exclusivamente às cordilheiras espirituais, famílias inteiras localizadas na depressão continuarão sob o domínio do mal.

Irmãos, a verdadeira experiência com a glória de Cristo faz-nos buscar pessoas que devem e precisam ser iluminadas pela luz que vimos em Sua face. Não se trata de pedir que o Reino fique conosco no pico inatingível de um Everest de santidade, mas desejarmos descer para repartir com os famintos o Pão recebido! E à medida que caminhamos em direção aos que clamam nas sombras, uma apelo arde em nossos corações: "Venha a nós o teu reino, seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu".

Um comentário:

  1. Puxa vida, quantas verdades! A gente nem se dá conta de nosso egoísmo...

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