domingo, 31 de julho de 2011

Conquista-me! Livra-me de mim


Não quero exigir qualquer trono
Apenas suplicar que sejas meu dono.
Conquista mais com Tua beleza
Este vasto coração infausto
Tão duro – mas tão sem firmeza!

O idioma destes ossos é ranger
E minha mente tornou-se coruja
Cuja vida é parar, empalhar, envelhecer...
Se preciso for, perfura-me e
Faz Tua água chegar a mim
Ou perfuma-me – mas põe Teu começo
No fim do meu fim

Está ficando tarde, preocupado há muito estou
Mas com as forças que restam
Ajuda-me a despir este pesado relógio
E em seu lugar tomar e levar a cruz
Em noites de coices, açoites e foices

Socorre-me, Cristo de Deus!
Enxerga e examina-me
Desarmando-me bombas que ainda não sei
As quais desejam me ver caveira.
Crava neste chão seco Tua bandeira,
Amor que floresce em jardim
E entre tantos “não, sempre não”
Presenteia-me o Teu bondoso “sim”

Conquista-me, quero chegar perto de Ti
E descobrir em Teu olhar minha casa,
Ir embora deste velho hospital
E sentir Teu abraço de amparo
Sem igual, sem igual

Livra-me de mim mesmo, ó Sorriso que cura!
A sabedoria de Deus é dos homens loucura
Pois amolece o coração... e ela dura!

quinta-feira, 7 de julho de 2011

A Crucificação e o Paraíso

"Nós, na verdade, somos condenados com justiça, pois recebemos o que os nossos feitos mereciam. Mas este nenhum mal fez. Então disse: Senhor, lembra-te de mim quando entrares no teu reino" (Lc.23.41,42)


Desde o Éden, os Homens tem buscado o paraíso perdido em muitos lugares, mas sempre em vão. O drama da Humanidade não foi a expulsão daquele jardim, mas a trágica perda da presença revelada de Deus. O que é o Paraíso? É o lugar onde a glória de Deus é manifestada. O Éden era um lugar de beleza e harmonia fantásticas, mas o que fazia dele o paraíso na terra era a manifestação da presença de Deus. A santidade divina, porém, não aceita pecado – e se pecarmos, é preciso arrependimento. Uma vez arrependidos, há a manifestação da presença de Deus; e quando isso ocorre, os lugares mais inusitados se transformam em paraíso.

A Bíblia não nos promete um retorno ao Éden, mas nos mostra a vida de pessoas que acharam a porta do paraíso e começaram a entrar por ela. Como? Bem, elas perceberam que, ao entrarem em comunhão com Deus, Ele entrava em seus corações e fazia dali algo melhor que o Éden. Abraão descobriu isso na sacrificiosa paisagem de Moriá. Moisés, por sua vez, ajoelhado e descalço, diante de um arbusto em chamas. Depois, no cume do Sinai, não havia jardim, mas houve ali um pedaço do céu. Semelhantemente, o paraíso do filho pródigo não foi sentado à mesa farta, mas deu-se lá no caminho de seu arrependimento, no exato lugar em que sentiu a presença do abraço de amor e aceitação, de seu pai.

Diante disso, descobrimos um maravilhoso segredo contido no convite de nosso Senhor Jesus, de tomarmos nossa cruz e, arrependidos, segui-lo até o Calvário, onde somos crucificados com Ele. Pois sempre que houve arrependimento e renúncia, sempre que houve abandono do pecado e humilhação, a presença do Senhor manifestou-se. Sempre que os Homens foram crucificados e admitiram sua própria maldade, e que mereciam a própria aniquilação, algo extraordinário aconteceu. Seus olhos deixaram de se fixar na própria dor, e foram atraídos irresistivelmente à cruz de Cristo, e este crucificado. E então, senhores, a antiga porta do paraíso foi-lhes aberta, gratuitamente.

Portanto, quem sou eu? Sou aquele ladrão da cruz. Vim parar ali por ser necessário que minha velha essência transgressora seja crucificada e aniquilada. Contudo, ao admitir que mereço estar ali, o Espírito Santo abre meus olhos e revela-me a glória e a majestade do Salvador, bem ao meu lado, ainda que sem beleza ou formosura aos olhos dos demais. Junto dele ganho esperança, entendo que Sua cruz tem razões bem diferentes da minha (Ele é inocente) e entendo os Seus propósitos em meu favor (Ele me inocenta). E quando ali, em Sua presença, o contemplo, esqueço-me de mim. Quando o vejo, meu sofrimento e indignação esvaem-se. Ele está ali comigo. Ele está ali por mim. Ele está manifestado.

E então, no mesmo lugar de minha dor e vergonha, no mesmo cenário de minha condenação e aniquilamento, os lábios feridos e sôfregos, mas ainda doces do Salvador, me segredam: “você está comigo agora... seja bem-vindo ao paraíso”.

Ó crentes do mundo todo, venham, vamos à cruz! Vamos, e arrependidos seremos satisfeitos! Ah, Senhor Jesus! Revela-te a nós, e no deserto de nossos corações ouviremos Teus passos novamente! Dá-nos arrependimento, faz de nosso coração um jardim de comunhão, até o dia que quiseres nos levar aos Teus jardins eternos! Que para sempre o nosso paraíso, ó Jesus Cristo, sejas Tu mesmo!