segunda-feira, 26 de outubro de 2009

O Espinho e o Abraço de Papai


A criança queria apenas tocar a rosa quando, inesperadamente, um espinho machucou-lhe. Após chorar por um tempo que pareceu toda uma vida, ela se refez, enxugou as grandes lágrimas e corajosamente tentou extraí-lo com as próprias mãos. No entanto, incapaz de pinçar sua ponta, descobriu que quanto mais tentava arrancá-lo mais se debatia, e mais sua dor aumentava. Dentro de pouco tempo a dor se tornou tão intensa que ela não quis que ninguém mais tocasse seu ferimento, a fim de não o fazerem doer mais do que já doía. Se não pudera extraí-lo, com certeza ninguém mais poderia!

Fazendo todo o possível para disfarçar a dor, voltou à casa de seu pai. No caminho, esforçou-se e até sorriu para alguns vizinhos, de modo que ninguém notou a imensa dor abafada por trás de sua doçura. Melhor assim, pensou ela. Porém, seu segredo só durou até o momento em que papai a viu entrando pela porta. Papai conhecia bem sua criança, e na mesma hora reparou que seu andar e passos tensos não combinavam com o sorriso que trazia no rosto.

Por isso, carinhosamente estendeu as mãos paternas e chamou-a para um abraço. Ele realmente desejava vê-la de perto. Todavia, imediatamente a pequena se retraiu. A dor fazia seus olhos arregalados transmitirem insegurança e medo. Sabia que papai havia observado seu doloroso segredo e que tentaria tocá-lo; fosse como fosse, ela acreditou que um abraço só traria mais pressão sobre sua dor.

E enquanto pensava e pensava, os braços de papai continuavam abertos. Ele estava sentado em sua cadeira enquanto lá fora a noite caía, e aquela dor secreta subia. Sabe, a decisão de ir ou não ao encontro deste abraço foi uma das mais difíceis para esta criança. Ali parada, cheia de dores e medo que elas aumentassem, não sabia o que haveria de fazer - se correr na direção contrária e fugir, ou lançar-se nos braços que em outros tempos tanto conforto lhe tinham trazido.
Naquela noite, chorando, a criança decidiu que, independente do tamanho de sua dor, seria nos braços de papai que ela expressaria seu sofrimento. Por sua vez, papai cuidadosamente extraiu a causa da ferida, enquanto a abraçava com a outra mão. Ao se submeter a este ato de verdadeiro cuidado, a criança viu que de todas as dores esta é a única que vale à pena de ser suportada, pois é a dor do amor paterno a curar, a dor que antecede o grande alívio.

Em tudo isso, observei que toda esta experiência do espinho na verdade resultou no melhor abraço que aquela criança alguma vez poderia receber, em sua vida muito amada.

Amigo, sob a dor de seu espinho secreto e ao ver os braços abertos de Papai, em que direção você tem corrido? É muito doloroso aceitarmos a retirada de um espinho porque isso significa que Papai terá que mexer nele. Ainda assim, não se esqueça que para o mais doloroso espinho existe um amor muito maior, bem como o mais consolador de todos os abraços - o de Deus, verdadeiro alívio que na lapela nos traz a flor...
Sim, ela e somente ela.

2 comentários:

  1. Téo,
    Muitas vezes, infelizmente, fazemos deste "espinho" parte integrante de nós... e nos acostumamos a tentar ignorar a dor... O problema é que o espinho continua lá, inflamando, infeccionando... e se tornando cada vez maior e pior...
    Se não nos prontificarmos a correr para os braços do Pai, Ele tirará o espinho a força... tudo para o nosso bem, sempre! Que eu não hesite em correr para os seus braços e entregar-lhe as minhas dores...

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  2. Somente o Olhar atendo do Pai para identificar os espinhos da nossa vida.

    Somente o colo de amor para curar as feridas que ficaram na retirada do espinho.

    Somente um Beijo celeste na alma ferida ...

    para nosso coração bater no ritmo do coração do Pai!

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