segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Só o Oleiro



A maioria dos peregrinos já teve a nítida sensação de estar andando em círculos, sem sair do lugar. Uma das razões disto pode ser a incredulidade. Outra, porém, tem a ver com o fato de que é necessário que um vaso dê muitas voltas sobre si mesmo, enquanto é amassado na roda giratória do Oleiro.

Deus poderia ter nos criado a partir do nada. Mesmo assim, decidiu nos fazer do pó da terra. O barro não tem brilho próprio, e é fraco, mutável, sujeito. Pode ser duro e num instante se derreter. Nossos corpos - e num sentido mais amplo nossa vida - foram feitos para serem vasos de barro. Nosso valor não está em nossa matéria, mas vem do Oleiro que nos molda de acordo com a Sua vontade. Nossa beleza vem apenas do Seu trabalhar em nós, ela é fruto de sermos tocados por Suas mãos. E estejamos certos de que quanto mais elas nos quebrarem, mais refinados seremos.

Vasos ornamentais são de materiais caros, mas vasos funcionais são de barro. Deus está interessado em nos moldar à Sua maneira e assim nos fazer Seus vasos de barro. Nesses, Ele deposita o tesouro do evangelho de Jesus, para que a excelência do poder seja de Deus.

Portanto, se apesar de sua fé e obediência a Jesus, você tem se sentido a dar voltas e voltas no mesmo lugar, não desanime peregrino! Para nós é difícil de entender, mas a Sua Palavra nos mostra e garante que do lodo que somos Ele bem sabe como suscitar vasos de honra para Si!

Em minhas belas curvas de barro
Com minhas lindas pepitas de ouro
E em meio às formas e tendências
Orgulhosamente misturadas em minha base
O Oleiro enxergou-me de todos os lados
E quebrou-me

Extraiu-me as pepitas
Umedeceu-me com lágrimas e me fez dar
Voltas e voltas parado no mesmo lugar...

Então bastou encostar-me Sua mão
E eis que me desfiz
Bastou que me tocasse – e já ninguém mais
Pôde me reconhecer

Mergulhado em meu barrento derretimento
Descubro que sem Ele apenas serei lama
Até tornar-me pó...
Mas bom vaso
Só o Oleiro poderá fazer-me

Só o Oleiro – Ele só!

Um comentário:

  1. Lindo o texto... quantas e quantas vezes me senti assim, para depois compreender que estas voltas em torno de mim mesma eram/são essenciais para o processo. Ainda bem que Ele não desistiu de tentar fazer de mim este vaso de barro.

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