
"Os discípulos cheios do Espírito Santo", "Pedro cheio do Espírito Santo", "Barnabé cheio do Espírito Santo", "Estêvão cheio do Espírito Santo", "Paulo cheio do Espírito Santo" - mas eu e você vazios do Espírito Santo, ocasionalmente com algumas gotinhas do Espírito Santo... por quê? Até quando assim?
Mas quantas vezes Ele veio mansamente e convidou-me para a intimidade da comunhão, e eu lhe resisti! Quantas vezes me alertou sobre prostituições espirituais, e o ignorei e adulterei cruelmente em Sua presença! Quantas vezes permiti que a tirania de meus racionalismos carnais o banisse de meus caminhos e planos! E Paulo bem me avisou para não resistir-lhe, nem extinguir-lhe. Contudo, à medida que me fiz de surdo, realmente ensurdeci para Sua voz. Sem Sua orientação, caí e agora afundo em um pântano de mil hipóteses e de nenhuma paz. Sem Ele, sigo vivendo este evangelho pela metade, tão distante do de Atos que chego a duvidar se os Apóstolos e eu pertencemos à mesma crença!
Em algum ponto da História do mundo, ou de nossa história pessoal, desaprendemos a ser cheios do Espírito Santo; e pior: nos acostumamos a chamar esta meia vida de Cristianismo. Vivemos como se Ele ainda não tivesse sido dado... como estamos desatualizados! Ou estaríamos "atuais" demais? O fato é: não poderemos conduzir ninguém para a vida plena se Seu autor for um desconhecido nosso. Deus não tem prazer em ser apresentado a outros por quem não O conhece. E eu mal sei discernir quando é Ele a falar!
Portanto, veja o que temos aqui: uma bonita vela, muito enfeitada, muito ereta e de certa qualidade, mas sem a chama que dá sentido e propósito à sua existência! De que vale o tamanho deste pavio, se não está a arder? Neste mundo tenebroso, quem se importa com a qualidade da vela, se ela não brilha quando mais se precisa? Todavia, se começa a queimar, então já não importa a cor de sua cera ou seus ricos detalhes - pois seu valor é a Chama, a única capaz de acalentar o mundo sombrio, mostrando-lhe o Caminho aos que tateam na escuridão.
Mas não, eu não! Eu não quero gastar minha cera, prefiro continuar assim, do mesmo jeitinho, bem preservado. Inútil, sem dúvida, porém intacto. Outros ardam e sejam consumidos, à medida que são instrumento do Pai das luzes! Mas eu não, eu prefiro continuar aqui, no breu e a queixar-me disso, duro e frio, orgulhoso demais, ocupado demais, indeciso demais para aceitar diminuir a mim mesmo, enquanto o Espírito do Senhor resplandece em meu gradual desaparecimento! Até quando assim?
Ó vela conformada que teimas em não sair da gaveta! Ouve esta noite o Nazareno a chamar-te com grande voz: "Vem para fora!" E em seguida, persevera em apenas olhar para Ele, cujos olhos flamejantes nos dizem para que nascemos!