segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Cheios do Espírito(?)

Ler Atos dos Apóstolos me enche de angústia e ansiedade. Angústia porque vejo os antigos pais cheios do Espírito, e reconheço imediatamente não ser como eles. Ansiedade porque o mesmo Espírito Santo me revela ser possível encher-me Dele - aliás, é o que Ele deseja para mim e meus irmãos ao redor do mundo. O segredo dos primeiros cristãos não estava em sua organização, em sua agenda ou em sua reputação. A chave estava em serem cheios do Espírito, ao ponto de olharem para sua vida ou serviço e ser inconcebível fazerem qualquer coisa sem o Espírito do Senhor agindo com e por eles.

"Os discípulos cheios do Espírito Santo", "Pedro cheio do Espírito Santo", "Barnabé cheio do Espírito Santo", "Estêvão cheio do Espírito Santo", "Paulo cheio do Espírito Santo" - mas eu e você vazios do Espírito Santo, ocasionalmente com algumas gotinhas do Espírito Santo... por quê? Até quando assim?

Mas quantas vezes Ele veio mansamente e convidou-me para a intimidade da comunhão, e eu lhe resisti! Quantas vezes me alertou sobre prostituições espirituais, e o ignorei e adulterei cruelmente em Sua presença! Quantas vezes permiti que a tirania de meus racionalismos carnais o banisse de meus caminhos e planos! E Paulo bem me avisou para não resistir-lhe, nem extinguir-lhe. Contudo, à medida que me fiz de surdo, realmente ensurdeci para Sua voz. Sem Sua orientação, caí e agora afundo em um pântano de mil hipóteses e de nenhuma paz. Sem Ele, sigo vivendo este evangelho pela metade, tão distante do de Atos que chego a duvidar se os Apóstolos e eu pertencemos à mesma crença!

Em algum ponto da História do mundo, ou de nossa história pessoal, desaprendemos a ser cheios do Espírito Santo; e pior: nos acostumamos a chamar esta meia vida de Cristianismo. Vivemos como se Ele ainda não tivesse sido dado... como estamos desatualizados! Ou estaríamos "atuais" demais? O fato é: não poderemos conduzir ninguém para a vida plena se Seu autor for um desconhecido nosso. Deus não tem prazer em ser apresentado a outros por quem não O conhece. E eu mal sei discernir quando é Ele a falar!

Portanto, veja o que temos aqui: uma bonita vela, muito enfeitada, muito ereta e de certa qualidade, mas sem a chama que dá sentido e propósito à sua existência! De que vale o tamanho deste pavio, se não está a arder? Neste mundo tenebroso, quem se importa com a qualidade da vela, se ela não brilha quando mais se precisa? Todavia, se começa a queimar, então já não importa a cor de sua cera ou seus ricos detalhes - pois seu valor é a Chama, a única capaz de acalentar o mundo sombrio, mostrando-lhe o Caminho aos que tateam na escuridão.

Mas não, eu não! Eu não quero gastar minha cera, prefiro continuar assim, do mesmo jeitinho, bem preservado. Inútil, sem dúvida, porém intacto. Outros ardam e sejam consumidos, à medida que são instrumento do Pai das luzes! Mas eu não, eu prefiro continuar aqui, no breu e a queixar-me disso, duro e frio, orgulhoso demais, ocupado demais, indeciso demais para aceitar diminuir a mim mesmo, enquanto o Espírito do Senhor resplandece em meu gradual desaparecimento! Até quando assim?

Ó vela conformada que teimas em não sair da gaveta! Ouve esta noite o Nazareno a chamar-te com grande voz: "Vem para fora!" E em seguida, persevera em apenas olhar para Ele, cujos olhos flamejantes nos dizem para que nascemos!

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Divinas Surpresas

A Tua forma de trabalhar
É uma forma incrível,
Ela obedece uma ordem exata
E um momento certo e inalterável

E de repente, eis a obra
Como se fosse mero produto do acaso
E isso é bem peculiar de Teu amoroso caráter,
Isso de fazer as coisas no silêncio e no anonimato,
De planejar os acontecimentos com a calma da eternidade
Na prancheta do céu

E depois de tudo, talvez por humor,
Ainda Te dás o trabalho de diluir,
De camuflar em pessoas, situações, datas
E em aparentes coincidências e incidentes
As obras perfeitas que nos presenteias

E sorris
Quando vês a expressão de surpresa e admiração
Em nossos rostos, ao abrirmos a porta da Vida
Com a coragem, a simplicidade e a curiosidade
De uma pequena e ansiosa criança
E nos depararmos com o que havias preparado
Antes da preparação dos pilares do universo

Eu Te admiro muito
E fico extasiado de ver a paciência com que
Aguardas o momento de me ver tropicar no presente
Que puseste estrategicamente em meu caminho,
Pelo qual também caminho por Tua orientação

Então levas a mão ao peito
E gargalhas longamente, folgadamente
Sem complexos ou receios
Enquanto me vês, mudo e perplexo
De emoção, gratidão e alegria,
Com os olhos arregalados e brilhantes
Tentando captar toda a dimensão imensurável
De Tua gentileza e generosidade inexplicáveis!

Já recebi de pessoas algumas homenagens
E presentes em datas especiais...
Mas de Ti, meu grande Amor divino,
Tenho recebido dádivas tão maravilhosas
Em datas tão injustificadas e comuns
Que aprendi: o que faz qualquer dia
Especial e inesquecível
És Tu mesmo!